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Surdez e Transtorno do Espectro Autista (TEA): a importância do diagnóstico diferencial

Bebes começam a falar as primeiras palavras por volta do primeiro ano de idade. Quando isso não ocorre acende-se o alerta de que algo diferente pode estar interferindo no desenvolvimento da criança. Atraso no desenvolvimento da fala e não responder quando é chamado são sintomas em comum para surdez na infância e transtorno do espectro autista. Como diferenciá-los e intervir precocemente?

No transtorno do espectro do autismo há dificuldade na comunicação e interação, na surdez a dificuldade está em receber e compreender informações sonoras. Assim quando alguém chama pelo nome uma criança com TEA ela pode não responder pela dificuldade em interagir, e se uma criança com surdez não atende pelo nome ela pode não esboçar reação porque realmente não escutou ser chamada.

A neuropediatria e a otorrinolaringologia são especialidades que poderiam fazer parte das consultas de rotina de toda criança, de forma preventiva. Mas é diante de qualquer suspeita de alteração na comunicação que estes médicos especialistas costumam ser consultados. O neuropediatra é consultado para avaliação do desenvolvimento infantil e da maturação do sistema nervoso e o otorrinolaringologista avalia e trata problemas que possam ocorrer no ouvido, nariz, garganta e laringe. Uma equipe multiprofissional que pode incluir fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional oferece suporte no diagnóstico diferencial entre surdez e transtorno do espectro autista.

Exames audiológicos são essenciais, ainda que a criança tenha passado pela triagem auditiva neonatal, pois alterações auditivas podem surgir com o passar do tempo. Imitanciometria, potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE/BERA), audiometria comportamental ou condicionada (conforme a idade e capacidade de compreensão da criança) entre outros, são exames que podem ser solicitados na avaliação.

A avaliação comportamental da comunicação e interação da criança é muito importante, com observação de aspectos da interação social, comunicação não-verbal, formas de brincar. Por exemplo: crianças com surdez, em geral, tendem a criar formas não verbais para se comunicar e de fácil entendimento pelos pais. Geralmente isso não acontece nos casos de TEA.

O diagnóstico diferencial entre TEA e surdez é essencial para intervenção precoce de acordo com as necessidades da criança, possibilitando a estimulação com procedimentos e técnicas adequadas e maior aproveitamento da alta neuroplasticidade da primeira infância.

É importante lembrar que um não exclui o outro, a mesma criança pode apresentar surdez e transtorno do espectro autista. Reforçando ainda mais a necessidade do diagnóstico e intervenção precoce.

Mariane Gomes | Fonoaudióloga | CRFa 6-7530